Resident Evil Village – 2021 – Resenha

Com uma jogabilidade divertida e saudosista, e uma história bastante confusa, Resident Evil Village é um misto de sentimentos bons, e outros nem tanto.

Se não viu o trailer ainda, veja agora!

Desde que começaram os rumores do desenvolvimento de Resident Evil Village, muita especulação e desconfiança rolaram por baixo da ponte. Seria um remake de Resident Evil 4, ou realmente um novo jogo? A suspeita de remake era forte, uma vez que os recém-saídos remakes de Resident Evil 2 e Resident Evil 3 foram bem recebidos pelo público (tá, o 3 nem tanto…). Mas as desconfianças aumentaram quando foi confirmado que era a continuação direta do sétimo jogo, e a volta de Ethan Winters como protagonista.

Mas, como assim? Vampiros? Lobisomens? Como isso se encaixa na lore de Resident Evil? Como todos os jogos, tudo tem uma explicação, que vamos descobrindo aos poucos, através de documentos e falas dos antagonistas, como todo bom jogo da franquia. Mas, pra ser sincero, não dá pra ter certeza se as explicações facilitam ou dificultam o entendimento da zona toda que é o jogo.

A história de Resident Evil Village

Tudo começa com o casal Ethan e Mia em casa, vivendo uma vida normal com sua filha Rosemary, ainda bebê. Apesar de tentarem levar uma vida normal, os acontecimentos de 2 anos antes, na Louisiana, ainda assombram o casal. Enquanto discutiam sobre o que ocorreu, soldados invadem a casa, e assassinam Mia. O assassino: Chris Redfield. Ethan não tem muito tempo para entender o que está acontecendo, mas percebe que estão levando Rose embora. Ao tentar impedir, é nocauteado.

Ao acordar, encontra-se sozinho, em um local gélido e isolado. Sua salvação é um pequeno vilarejo que encontra no caminho.

Porém, o vilarejo parece abandonado, como se tivessem fugido às pressas. Não demora para Ethan descobrir que o local está tomado por monstros, que parecem lobisomens. Ethan descobre que muitos locais morreram, enquanto os sobreviventes estão concentrados em uma das casas nas redondezas.

Mas logo Ethan descobre que sua presença por lá não é coincidência. Rose está ali, no castelo que fica próximo ao vilarejo, e sua busca pela filha começa.

Os chefes de Resident Evil Village

Evolução

Aos poucos, Ethan descobre que não vai ser tão fácil assim resgatar Rose. O castelo é apenas uma das peças do quebra-cabeças que vai levá-lo até sua filha.

Mesmo ficando a maior parte do tempo sozinho, nosso protagonista tem o apoio de algumas pessoas, seja através de mensagens enigmáticas, ou com o comércio de itens e melhorias, este último, herdado de Resident Evil 4.

Aos poucos, Ethan vai descobrindo o motivo de Rose e ele estarem por ali, e o que são todas as criaturas estranhas que ele encontra no meio do caminho. Apesar disso, a motivação dos antagonistas não fica muito clara, deixando algumas questões que, no final, não parecem tão verossímeis. Apesar disso, Resident Evil Village consegue fazer uma ligação com o título anterior, e até mesmo com os pilares que sustentam a franquia.

Mesmo explicando (ou tentando explicar) tudo no final, ainda ficam muitas dúvidas. Mas se em nossa resenha de Resident Evil VII destacamos o retorno ao terror de sobrevivência, neste título volta a preocupação de termos uma nova fuga do tema.

Mecânicas e jogabilidade de Resident Evil Village

Resident Evil Village é um jogo mais longo, o que é um ponto positivo. Jogando com calma e explorando o cenário, terminamos a história em 11 horas, o que é uma duração satisfatória para um jogo de terror single player. Para se ter uma ideia, um dos desafios do jogo é terminar o modo história em 3 horas. Para comparar, este é o tempo normal de jogo do remake de Resident Evil 3.

Claro que nem tudo são flores, pois uns cenários são mais divertidos que outros, e você vai desejar avançar logo por alguns dos mapas (né, Heisenberg?).

Outro ponto bastante claro é a tentativa de agradar públicos diferentes em um mesmo jogo, como vimos em Resident Evil 6, pois temos momentos em que a ação é mais presente, enquanto outros momentos temos o terror de sobrevivência em destaque.

O inventário de Resident Evil Village é muito parecido com o de Resident Evil 4. Fonte: Tecmundo.

Outra característica que temos de volta é o mercador e a organização do inventário, muito parecido com o que existe em Resident Evil 4. Além de comprar armas e suprimentos, é possível melhorar as armas por um custo. Os itens são organizados em uma maleta, e os jogadores vão gastar um tempo deixando os itens arrumados. A vontade de arrumar é tanta, que existe até um desafio de terminar o jogo sem arrumar nada no inventário (estamos com 70% concluído, deseje sorte para a gente!).

Além disso, temos o clássico “novo jogo +”, que permite começar o jogo com o inventário que acumulamos no jogo anterior.

Resumindo, Resident Evil Village certamente vai trazer muitas horas de jogo, se você não quiser apenas conhecer a história.

Nem tudo são flores

Muitos itens trouxeram à tona vários aspectos do título. Desde que Lady Dimitrescu apareceu nos anúncios do título, presenciamos um fetiche na personagem. Infelizmente, a matriarca despertou pensamentos que, esperamos, não tenham sido os da Capcom, ao desenvolver o jogo.

Embora presenciamos, inclusive, descrições sobre Dimitrescu que falavam até sobre suas roupas íntimas. Esta foi uma resposta a uma parcela de jogadores, que não aprovamos. Mesmo que seja possível uma sexualização da personagem para atender a públicos específicos, condenamos fortemente esta visão, que acaba prejudicando a obra em sua totalidade. Vale reforçar que o mercado de jogos ampliou bastante, e esta visão estereotipada deve ser deixada para trás o quanto antes.

E com isso, temos uma das principais frustrações do título. A Capcom deu tanta ênfase à Lady Dimitrescu e ao castelo, que ao avançar no jogo, o restante parece um tanto…sem graça…

Com tudo isso, acho que valeria mais a pena termos Dimitrescu como vilã final, e não Mãe Miranda… Neste ponto, o tiro saiu pela culatra.

Dimitrescu foi fetichizada e gerou muitas expectativas para o jogo, mas não foram atendidas

Fator Replay

Se você teve coragem de gastar o que pediram pelo jogo, aqui no Brasil, um ponto positivo é a possibilidade de jogar Resident Evil Village várias vezes.

Após terminar a conturbada história, temos a oportunidade de iniciar um novo jogo, aproveitando tudo que conseguimos na última rodada, o famoso “novo jogo +”, e para conseguir, basta carregar o jogo salvo que gravou a conclusão do modo história. Isto permite um novo jogo com tudo o que você conquistou no jogo anterior.

Pelos desafios, vale a pena jogar tudo novamente, especialmente se os bônus foram desbloqueados no extra do jogo, ao finalizar alguns que o título oferece. E não são poucos. Mas podemos concluir desafios desde completar o modo história 3 vezes, até derrotar um número de inimigos com uma arma específica.

Poder jogar o modo história novamente, com munições infinitas, dá até um ânimo adicional. Se você for entusiasta de conquistas, tem muito o que fazer após fechar a história.

Uma das coisas é o modo mercenários, que é um modo de jogo parecido com os outros títulos da franquia. Se você não liga muito para jogos extras, não vai fazer muita diferença, mas conseguir “S” ou “SS” nos mapas, ah, é um desafio e tanto.

Nova x antiga geração de consoles

A Capcom caprichou nos gráficos de Resident Evil Village, trazendo um novo fôlego para os jogos da franquia. Mesmo mirando nos consoles de nova geração, é possível ter uma experiência de jogo satisfatória para a geração atual. Os detalhes da nova geração se destacam para o Ray Tracing, os 60 FPS contínuos em 4K, e o carregamento absurdamente rápido com as novas tecnologias.

Mas vale ressaltar que, apesar disso tudo, não há diferenças impeditivas entre as gerações, podendo aproveitar o jogo em sua plenitude, independente de qual console esteja usando.

A diferença de tempo no carregamento é absurda, mas não atrapalha a diversão. Fonte: Canal ElAnalistaDeBits

Dublado em Português do Brasil? É claro!

Não podemos deixar de falar sobre uma das principais características deste título, pensando no mercado nacional, que é a dublagem do jogo em Português do Brasil. Já tínhamos Resident Evil 7 com legendas em textos em português, mas poder ouvir as vozes em nosso idioma dá outra visão ao título.

Mesmo que você não se sinta confortável ainda em ouvir Chris Redfield falando em português, com certeza é um passo bastante positivo para o futuro da franquia no Brasil. Isto mostra a preocupação da empresa em atender um público grande no país. Certamente o mercado de jogos brasileiro é grande, e cada vez mais empresas estão voltando os olhos para cá. Que venham novos jogos dublados em nosso idioma!

E aí, vale a pena?

Depois de tudo isso que falamos, será que vale a pena jogar Resident Evil Village? Em nossa singela opinião, a resposta é um sólido SIM.

Nós, fãs de terror de sobrevivência, temos muito a comemorar com este novo título. A preocupação é com os títulos futuros, depois de acompanhar a história de Resident Evil Village.

Mas vamos deixar para sofrer no momento certo. Por enquanto, aproveitem mais este ótimo título de terror!

Seus medos estão nas sombras!

About Fernando Lobo

Fã de jogos de Terror desde que colocou as mãos em uma cópia de Resident Evil, no Sega Saturn, em 1996. Consumidor frequente de literatura de terror e ficção, busca sempre novos autores neste nicho. Jogo preferido: Silent Hill 2. Livro preferido: O Iluminado.