Difícil, e com uma história um tanto confusa – mas que te prende – The Evil Within é um ótimo jogo para voltar às raízes do survival horror. Eu já disse que é difícil?
Não conhece nada ainda the The Evil Within? Veja o trailer!
Contexto
Ainda em 2013, os fãs do gênero de terror estavam tensos. Não pelos jogos em si, mas pelo rumo que as grandes franquias de terror estavam tomando. Resident Evil 5 e 6 não eram mais jogos de sobrevivência, e sim jogos de ação com temática de terror. Silent Hill: Homecoming e Downpour não conseguiram manter a sobrevivência como esperávamos. Dead Space 3 também seguiu o caminho de Resident Evil, tornando-se um jogo mais de ação que de terror.
Claro, não podíamos perder a esperança com essa tendência, uma vez que tínhamos jogos indie de peso nesse quesito, como Amnésia: The Dark Descent e Outlast. Mas, o que esperar, quando as maiores franquias de terror já não eram mais terror como conhecíamos?
Eis que o anúncio de The Evil Within, desenvolvido pela Tango Gameworks, e distribuído pela Bethesda Softworks, trouxe novos ares para o gênero.
A Tango Gameworks é a empresa de Shinji Mikami. Esse nome soa familiar? Caso não reconheça, basta saber que ele foi um dos principais envolvidos na franquia Resident Evil, até o quarto título da série.
Na época do anúncio de The Evil Within, os fãs ficaram animados. Mikami disse: “Minha equipe e eu estamos comprometidos em criar uma excitante nova franquia, dando aos fãs a perfeita mistura de horror e ação.”
Mas, será que conseguiu?
The Evil Within – História
A história de The Evil Within se passa na cidade fictícia de Krimson City, localizada nos Estados Unidos. Você controla Sebastian Castellanos, um detetive veterano da KPD (Krimson Police Department).
O jogo já começa com um pedido de reforço policial. Todas as unidades próximas devem seguir até o Beacon Mental Hospital. Neste momento, uma breve conversa entre Sebastian, seu parceiro, o Detetive Joseph Oda, e a Detetive Júnior Juli Kidman. Os três discutem a situação, e o que poderia ter causado os múltiplos assassinatos, informados pelo rádio.
Chegando ao local, Sebastian e Joseph entram no Hospital Psiquiátrico, deixando Kidman do lado de fora, como apoio. O cenário é assustador: diversos corpos no chão, e o forte cheiro de sangue assolam o salão principal. Dentro da sala de vigilância, os detetives encontram um sobrevivente.
Enquanto Joseph ajuda o médico, Sebastian observa a câmera de vigilância, na tentativa de descobrir o que aconteceu. Uma cena bizarra aparece na tela. Três policiais disparam contra um homem encapuzado, que avança em velocidade sobrenatural. Ao matar os policiais, o homem olha para a câmera, e aparece imediatamente atrás de Sebastian, acertando-o e deixando o detetive inconsciente.
Ao acordar, descobre estar amarrado no teto pelos pés, enquanto um ser assustador esquarteja corpos humanos logo ao lado.
É hora de escapar…
The Evil Within – Evolução
Muitas coisas acontecendo no meio da história, que te deixam confuso, sem entender o que acontece. Seu porto seguro é uma área do Beacon Mental Hospital, acessível através de espelhos em locais específicos, ou também em certos momentos do jogo.
Lá, você consegue alguns fragmentos da história, que te ajudam a entender um pouco sobre o que está acontecendo. Não só relacionado ao hospital, mas também à triste vida de Sebastian Castellanos. A cada novo capítulo, ficamos com a dúvida se tudo aquilo é real, ou se Sebastian está ficando louco.
Mas, aos poucos, a história aparece, embora não de uma forma regular ou completa. Como dito, fragmentos da história ajudam a entender um pouco mais daquilo que Sebastian está passando, mas, mesmo assim, muitas dúvidas persistem, inclusive no próprio final do jogo. Algumas dúvidas, provavelmente, serão sanadas nas DLC, que serão avaliadas em outra resenha.
No final, você percebe que a história segue um rumo diferente daquilo que era esperado, mas que, mesmo assim, não perde seu charme. Embora, mais uma vez reforçando, não é possível entender a real motivação de tudo aquilo ocorrer.
O jogo te faz avançar, buscando por respostas, mas chegamos ao final sem muitas delas.
The Evil Within – Jogabilidade
Já estamos acostumados à jogabilidade oferecida por The Evil Within. Visão de trás do personagem, movimentação e ações no estilo criado por Resident Evil 4, e adotado por diversos jogos desde então.
Na pele de Sebastian, enfrentamos diversos inimigos, em sua grande maioria, pessoas infectadas que farão de tudo para te parar. Não bastasse a dificuldade só de enfrentá-los, Mikami implementou aqui a mesma mecânica que queria colocar no primeiro Resident Evil, e que o fez no remake: Para garantir que os inimigos não se levantem, você precisa atear fogo em seus corpos.
E, claro, não temos um estoque infinito de fósforos, então precisamos pensar bem quais inimigos queimaremos. Ou então, conseguir matar os vários inimigos todos no mesmo lugar, aproveitando, assim, um único fósforo para diversos corpos. Isso não é tarefa simples.
Além disso, o jogo possui diversas armadilhas espalhadas pelo cenário, em sua maioria de dois tipos diferentes. A bomba de contato explode ao pressionar o fio que une as duas pontas, geralmente presas nas paredes. A bomba de proximidade explode se você se aproximar de uma forma não muito cautelosa.
É possível desarmá-las, e utilizar as peças para criar flechas para o Agony Crossbow, uma besta que dispara diversos tipos de flechas. Além de encontrar as flechas pelo cenário, é possível utilizar peças para montá-las você mesmo.
Itens
Mas a besta não é a única arma presente no jogo. Você também conta com revólver, espingarda, rifle, e as próprias mãos. Obviamente, as munições são escassas, então é necessário usá-las com sabedoria.
Em várias partes do jogo, é mais fácil – ou mais seguro – passar despercebido. Para isso Sebastian pode se esgueirar silenciosamente, conseguindo, assim, atingir seu inimigo por trás, com um único golpe de faca. Bastante útil quando não se quer chamar atenção.
No seu porto seguro do Beacon Mental Hospital, acessado pelo espelho, você pode melhorar as armas, e as qualidades de Sebastian. Ao matar inimigos, eles deixam uma espécie de gel verde no chão. Esse gel garante alguns pontos, que podem ser gastos melhorando as características das armas, como dano, velocidade de recarga, entre outros, ou melhorar as qualidade do próprio Sebastian, como vida ou energia.
Dificuldade
As melhorias são muito bem-vindas, pois uma característica muito forte no jogo é sua dificuldade. Temos aqui um verdadeiro survival horror: pouca munição, vida que não regenera, inimigos que podem te matar com um único golpe, tudo contribui para a dificuldade do jogo.
The Evil Within não é um Dark Souls, mas acredite, você vai morrer bastante até o final.
Mas, apesar de frustrante em alguns momentos, o jogo te dá possibilidades e mecânicas para ver que é, sim, possível vencer. Quando você morre pela segunda, terceira, ou quarta vez no mesmo lugar, ao invés de pensar que é algo impossível de fazer, você já começa a analisar o cenário, os itens, e as possibilidades, traçando novos planos para pegar aquele bastardo infeliz que te impede de continuar.
E isso na dificuldade Survival, que seria a dificuldade Normal na maioria dos jogos. O nível mais difícil você só desbloqueia depois de terminar o jogo pela primeira vez. E dá até medo de pensar.
Essa característica será mantida no próximo título. Shinji Mikami aconselhou os jogadores a experimentarem The Evil Within 2 na dificuldade mais baixa.
The Evil Within – Aspectos Técnicos
Com relação aos gráficos e sons, o jogo também é bastante competente. Para jogadores de Playstation 4 ou XBox One, os gráfico podem parecer ultrapassados. Mas, se levarmos em conta que o jogo foi feito para a geração anterior, ainda assim temos gráficos bastante detalhados.
Os cenários também são bem construídos, e passam a sensação caótica em que Sebastian se encontra. Prédios destruídos, fogo e trens descarrilhados trazem uma harmonia bizarra e interessante para a cidade.
Os sons também são muito competentes. A dublagem dos personagens é muito boa, e é uma pena que não há opção para o Português, nem dos textos, e nem das falas. Quem não entende muito de inglês pode se perder em alguns pontos da história.
Conclusão
Com a chegada de The Evil Within 2 no próximo mês, vale muito a pena conhecer o jogo original, mesmo se passando 3 anos de seu lançamento. É um jogo bom, tenso, difícil, e bastante tranquilo de se jogar, pensando nos padrões gráficos dos jogos atuais.
Pode ser que o início seja um pouco complicado para os marinheiros de primeira viagem, mas garanto que, se você segurar um pouco as pontas, e passar de um possível desânimo inicial, a recompensa será gratificante.
The Evil Within está disponível para PC, XBox 360, XBox One, Playstation 3 e Playstation 4.
Mais informações na página oficial do jogo.
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