Com algumas boas cenas e situações narradas, mas que ainda precisam de mais desenvolvimento, Apocalipse Zumbi – Primeiros Anos é uma boa obra pra quem gosta do gênero.
Apocalipse Zumbi – Primeiros Anos
Escrito pelo autor brasileiro Alexandre Callari em 2011, Apocalipse Zumbi é uma obra que busca, ao mesmo tempo, um porto seguro na temática já muito explorada de zumbis, e inovar nos cenários, cultura, e conflitos de nossa terra.
A história se passa cerca de quatro anos após o dia 0, quando todo o caos começou. Pessoas começavam a se transformar em seres sem inteligência, com o único intuito de dilacerar e devorar suas presas.
Dentro dessa situação, temos o Quartel Ctesifonte, liderado de forma quase ditatorial pelo sobrevivente Manes, conseguindo assim manter um porto-seguro para os que estão do lado de dentro, mesmo que isso acabe gerando muitas desavenças internas.
Na prática, Ctesifonte é uma panela de pressão prestes a explodir.
Nomes e referências
Você certamente achou estranho o nome do Quartel, assim como do protagonista. E não pára por aí. Temos outros personagens com nomes exóticos, como Zenóbia, uma batedora, e antiga amante de Manes, ou Dujas, um recém-chegado à comunidade.
Apesar de os nomes fazerem sentido para a importância ou papel dos personagens, acaba perdendo um pouco da imersão na história. Afinal, tirando o Congresso Nacional, onde mais você consegue ver tantas pessoas com nomes estranhos juntas?
Os Infectados
Já estamos acostumados, dentro da cultura global, com o conceito de zumbis. Apocalipse Zumbi se referencia muito nesta cultura, mas a leva um pouco além. Os Infectados não são simplesmente seres mortos e putrefatos, andando a esmo. Eles são seres assassinos, com sede de sangue.
A pele branca, com veias negras em destaque, e ferozes olhos vermelhos, já seriam assustadores o suficiente para qualquer sobrevivente. Mas, além disso, os Infectados, como são chamados, possuem agilidade e ferocidade extremas.
Sem se preocupar com o que está no meio do caminho, eles se tornam em trens desgovernados, que só param ao derrubar seu alvo. É melhor não estar no caminho deles.
A história
A história de Apocalipse Zumbi está centrada no resgate de um grupo de batedores, que saiu à procura de mantimentos e patrulhar a redondeza. O grupo resgata um sobrevivente nas ruas, que se transforma dentro do veículo em que estavam, causando a morte de alguns, e a separação de outros.
Sem receber notícia dos batedores, Manes, o líder do Quartel, decide montar um grupo de resgate, a despeito das diversas manifestações contrárias a esta ação, considerada suicida.
No mesmo tempo, chega ao Quartel um novo sobrevivente, chamado Dujas, que desde o início já começa a causar algumas discórdias com suas opiniões, que não são bem vistas pelo líder de Ctesifonte, e dos sobreviventes mais próximos.
Manes conta sempre com o suporte de Liza, sua esposa, que lidera o Quartel em suas ausências. Além disso, ela também demonstra alguns talentos sobrenaturais, como visões em sonhos. Ela insiste que o marido não saia, mas a decisão já havia sido tomada.
A partir da saída do grupo de batedores para o resgate, a trama começa a se desenrolar em duas linhas. Em uma, Callari narra os acontecimentos dentro do Ctesifonte, com alguns pavios que Dujas acende na moral e anseios dos sobreviventes, apenas esperando a bomba explodir.
Na outra linha, a história corre com o grupo de batedores, atrás dos sobreviventes do outro grupo, que ficaram nas ruas.
Narrativa
A narrativa de Apocalipse Zumbi é fluída e impactante. Em um mundo pós-apocalíptico, não podemos esperar que tudo sejam flores, e é isso que Callari nos traz em suas linhas. Em alguns capítulos, a história do “dia zero” dos personagens frente ao apocalipse é uma boa introdução para marcar a personalidade deles.
A cadência entre a história dentro do Quartel e a dos batedores é boa, não pendendo para nenhum lado de forma exagerada, seguindo o fluxo da narrativa e encaixando os capítulos dentro de sua linha temporal.
A narrativa peca um pouco apenas ao aprofundar nos personagens. Se o autor tivesse descrito mais, ao invés de se apoiar em nomes excêntricos para definir a personalidade dos personagens, teríamos algo mais verossímil.
Apresentação
O livro, além da narrativa em si, também traz algumas ilustrações das cenas, o que é uma boa adição ao contexto geral. Apesar de não serem ilustrações sempre sóbrias, caindo para o cartunesco, são de qualidade e passam bem o cenário apresentado.
Além das ilustrações, a obra também acompanha um CD com trilha sonora escolhida para. Vale a pena conferir!
Confira, também, o trailer do livro, disponível no YouTube;
Conclusão
Talvez, para os dias de hoje, onde estamos saturados de obras baseadas em mortos-vivos, Apocalipse Zumbi pode não se destacar entre as melhores obras. Mas, certamente, vale dar uma chance a Callari, e acompanhar as histórias de Manes, Conan, Dujas, e de todos que os cercam.
Boa leitura!
Você pode conferir mais em: http://apocalipsezumbi.com.br
Livro: Apocalipse Zumbi – Os primeiros anos
Autor: Alexandre Callari
Editora: Generale
Páginas: 333
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