Until Dawn Resenha

Until Dawn (Playstation 4 – 2015) – Resenha

Com uma narrativa empolgante e imersiva, Until Dawn mostra que suas escolhas trazem consequências.

 

Quando se fala na disputa dos consoles pela atenção dos jogadores, um dos pontos mais levados em consideração, na hora de adquirir um deles, certamente são os jogos exclusivos para a plataforma. Na vanguarda da disputa acirrada entre Microsoft e Sony, temos franquias de renome, como Halo, Gears of War, Forza, God of War, Uncharted. Infelizmente, é impossível conseguir jogar todos em apenas um console, e a maioria dos jogadores brasileiros não tem condições para comprar os dois.

É aí que começamos a ver o catálogo de exclusivos de cada um deles. E, com certeza, Until Dawn é um dos títulos que estará em destaque, contando pontos para o time da Sony.

Desenvolvido pela Supermassive Games, Until Dawn foi inicialmente pensado para o Playstation 3, onde utilizaria o Playstation Move. Felizmente, o lançamento foi adiado, e replanejado como exclusivo do Playstation 4.

E por que eu digo “felizmente”?  A possibilidade de usar um hardware melhor trouxe um dos jogos mais bem trabalhados visualmente da geração. Os personagens, o cenário, a iluminação, a movimentação, tudo flui com uma naturalidade que seria mais difícil de conseguir na plataforma anterior. Os gráficos estão tão convincentes, que às vezes você esquece que está vendo personagens digitais, e não os atores de verdade.

Sam - personagem
Sam e Hayden Panettiere, a atriz que deu vida à personagem. Os detalhes impressionam.

 

A História de Until Dawn

Until Dawn conta a história de um grupo de amigos que passaram por um evento trágico. Ao pregar uma peça em Hannah, a jovem, envergonhada e humilhada, foge da cabana erma onde se hospedavam. Beth, sua irmã gêmea, vai atrás dela, e ambas acabam morrendo, após caírem de um penhasco, em uma noite marcada por uma tempestade de neve.

Mas a morte não ocorreu apenas devido à neve. Algo estava atrás delas.

Um ano depois, Joshua, irmão de Beth e Hannah, convida todos os amigos a passarem o fim de semana novamente na cabana, com o intuito de dar a volta por cima da morte das irmãs, e trazer diversão e alegria novamente entre amigos.

O reencontro traz alguns sentimentos e reações à tona entre o grupo. Mas não apenas isso, como traz, também, ameaça. Logo, eles percebem que não estão sozinhos na montanha…

Um dos pontos fortes do jogo é o desenvolvimento dos personagens. Cada um possui personalidade própria, e você vai, certamente, se identificar mais com uns do que com outros. Me arrisco a dizer que você vai até torcer para alguns deles morrerem.

 

Efeito Borboleta

Parte integrante da Teoria do Caos, o Efeito Borboleta diz que “o bater de asas de uma simples borboleta poderia influenciar o curso natural das coisas e, assim, talvez provocar um furacão do outro lado do mundo“. Em efeitos práticos dentro do jogo, uma escolha aparentemente simples pode causar consequências desastrosas para os personagens no futuro.

E Until Dawn trabalha bem neste aspecto. Na maioria das situações difíceis enfrentadas pelos personagens, o jogador será confrontado com uma decisão. Esta decisão pode ter um efeito imediato, ou pode causar alguma reação futura. E, mesmo que não saiba, a decisão tomada pode custar a vida de um dos amigos.

O Efeito Borboleta tem um papel importante nos acontecimentos do jogo

 

Claro que muitas decisões serão fruto de suas próprias escolhas. Mas, para não dizer que o jogo é injusto, algumas mecânicas foram implementadas para ajudar a tomar a decisão correta, ou mais próxima disso.

Se você for um explorador, poderá encontrar no cenários diversos totens. Estes totens dão um pequeno vislumbre do futuro, e podem te ajudar a tomar uma decisão com mais segurança. Os totens estão divididos em cores e seus significados: Preto (morte), Vermelho (perigo), Marrom (Perda), Amarelo (guia), e Branco (Fortuna).

Sam encontra um totem no chão

 

Se encontrar os totens e conseguir se lembrar de seus momentos, poderá salvar ou facilitar a vida de um (ou mais) personagens.

 

Mecânica de jogo

Mas não são apenas escolhas que moldam os acontecimentos do jogo. Um pouco de agilidade também faz bem. Dependendo da escolha que fizer, o jogo de colocará em situações em que será necessário ter reflexos rápidos nos famosos Quick Time Events. Ou seja, terá que apertar o botão certo, no momento certo.

E, se você não estiver atento e focado, você vai errar, e as consequências podem ser graves.

Sam tenta alcançar um ponto mais alto em sua escalada. Seja rápido!

 

Mas não é só isso que Until Dawn traz nos controles. Ele permite o uso dos sensores de movimento presentes no Dualshock, sendo bem implementados no decorrer do jogo. Se você movimentar o controle enquanto o personagem caminha, segurando uma lanterna, ele vai movimentar a lanterna seguindo seus movimentos reais. Você precisará, também, usar os movimentos para realizar ações rápidas, como trancar portas, ou mirar em alguma coisa.

E uma das mecânicas que traz tensão: A hora de ficar imóvel. Em determinados momentos do jogo, o personagem deve ficar imóvel, para se livrar do perigo. Isso significa que você também deve ficar imóvel, sem mexer o controle. Caso não consiga, o personagem também não conseguirá, e as consequências podem ser desastrosas.

Deixa o controle cair pra você ver…

 

Claro que há a opção de usar os controles de forma tradicional, mas perderá metade da experiência que o jogo pode proporcionar.

 

Coletando pistas e avançando na história

Como uma história boa deve ser, você vai descobrindo aos poucos o que está acontecendo realmente. Para ajudar no entendimento ou desfecho da história, pistas estão presentes nos cenários. Deste um cartão de visita até recados na secretária eletrônica. Apesar de não impedir a compreensão da história principal, ajuda muito a entender os detalhes dos acontecimentos.

É importante juntar o máximo possível para entender melhor o jogo. Senão, você vai acabar se vendo procurando informações no Google.

Pistas ajudam a entender os detalhes da história

 

E para completar a bizarrice, nos interlúdios temos sessões psicológicas, onde o psicólogo faz alguns testes de personalidade com a gente, no melhor estilo Silent Hill: Shattered Memories.

Não deixe a carinha feliz enganar você. Ele não vai pegar leve nas sessões.

 

Conclusão

Muitos jogadores torcem o nariz para o tipo de jogo que é Until Dawn. Certamente, ele está mais para uma história interativa do que um jogo nos moldes tradicionais, como estamos acostumados.

Mas esta história interativa estão tão bem construída, com gráficos lindos, ambientação imersiva, e controles e mecânicas interessantes, que você não vai conseguir não se envolver com o sentimento e evolução dos personagens.

Para os donos de Playstation 4, que gostam de jogos de terror, ou de jogos com um bom enredo, é um jogo obrigatório para fazer parte da coleção.

About Fernando Lobo

Fã de jogos de Terror desde que colocou as mãos em uma cópia de Resident Evil, no Sega Saturn, em 1996. Consumidor frequente de literatura de terror e ficção, busca sempre novos autores neste nicho. Jogo preferido: Silent Hill 2. Livro preferido: O Iluminado.