Fãs de jogos não podem reclamar, principalmente os de terror, já que os games estão sempre em evolução. Cada vez mais, novos jogos são lançados, e este é um nicho onde sempre haverá a certeza de que os fãs estarão presentes. Mas, se hoje podemos jogar Resident Evil 7, ou The Evil Within, temos que agradecer aos desbravadores e precursores deste tema.
Este é o primeiro de quatro artigos do Zona Sombria, trazendo um pouco da evolução dos jogos de terror, dos anos 80 até os dias de hoje.
Evolução dos jogos de Terror – Anos 80
Na década de 1980, os jogos eletrônicos em si ainda eram uma novidade. Apesar de haver registros históricos dos primeiros jogos eletrônicos serem feitos na década de 1950, era algo muito específico. Os jogos usavam máquinas em laboratórios e, portanto, inviável para uso em larga escala. Na década de 1970, começamos a ver o avanço deste mercado, com os arcades e os primeiros videogames caseiros. E a partir daí, cada vez mais empresas e desenvolvedores começaram a produzir jogos. O terror, presente em tudo que é meio, também não demorou a aparecer.
Assim como os outros jogos da época, os jogos de terror eram bastante simples, com objetivos diretos e rápidos. Ou, quando havia mais história, os jogos eram mais parados, com foco na ambientação.
Apenas quando nos aproximávamos do fim da década foi que começamos a ter jogos um pouco mais elaborados, com a evolução dos próprios videogames em si.
Vamos ver alguns exemplos.
Uchuu Yusousen Nostromo (1981 – NEC PC-6001)
Uchuu Yusousen Nostromo foi considerado um dos primeiros jogos de survival horror já feitos. Como o nome sugere, teve como inspiração o filme Alien, que havia sido lançado há poucos anos. A premissa de Nostromo é bem simples: você deve, em cada fase, entrar nos oito compartimentos da nave, tentando pegar os itens necessários. Os itens são apresentados aqui com os símbolos do naipes de baralho: ♣, ◆, ♥, ♠. Enquanto isso, deve escapar de um alienígena assassino, que invadiu a nave.
Apesar de ser um jogo bem simples, ele já trazia alguns traços de impotência do jogador, característicos nos jogos de sobrevivência. O alienígena não pode ser derrotado e você só consegue se proteger no canto da tela, marcado em vermelho. Fora da proteção, o negócio é conseguir os itens, e correr.
3d Monster Maze (1982 – Sinclair ZX81)
3d Monster Maze também está na lista dos primeiros jogos survival horror feitos. Nele, você é colocado num labirinto onde um temível T-Rex está a espreita. Você deve achar a saída e evitar que o inimigo te pegue.
O jogo é apresentado em primeira pessoa, e o T-Rex começa a caçá-lo assim que você inicia sua movimentação pelo labirinto. Aqui, a sensação de impotência também é grande, uma vez que a única vantagem que você tem contra o brutamontes é sua velocidade. Algumas mensagens na parte inferior da tela te ajudam a saber o quão perto você está do T-Rex. E, estando num labirinto com um bicho desses atrás de você, mesmo com os gráficos simples, é tenso.
No 3D Monster Maze, a decisão de colocar o jogo em visão de primeira pessoa foi o toque necessário para que o jogador possa se sentir tenso e impotente. O horror fica bem nítido quando o T-Rex está logo atrás de você, e à sua frente, um corredor sem saída.
Uninvited (1986 – Várias plataformas)
Uninvited já se aproxima do estilo que ainda temos nos survival horror. Temos uma história mais elaborada, atmosfera densa, bons efeitos sonoros para a época, e o famoso point-and-click. Você começa a história no carro com seu irmão mais novo, quando algo passa na frente e sofre um acidente. Quando acorda, seu irmão não está lá e o carro quebrado, cheirando a gasolina. Você tem poucas ações para conseguir sair do carro, e continuar sua jornada atrás de seu irmão.
Ao sair do carro, este explode, e o personagem se encontra em frente a uma grande mansão. O jogo possui quebra-cabeças que devem ser resolvidos para avançar para os demais aposentos e descobrir o que aconteceu com seu irmão, bem como entender a história por trás da mansão. O jogo trabalha com sistema de inventário, onde os itens são utilizados para avançar no jogo.
Mas o jogo não te dá moleza! Se perder tempo com ações sem sucesso, a morte é certa! Há, também, um tempo limite para vencer o jogo, caso contrário, o vilão conseguirá tomar conta de seu corpo, e você acabará virando um zumbi.
Atmosfera tensa, história um pouco mais elaborada, e a urgência do tempo já trazem itens satisfatórios para um bom survival horror.
The Lurking Horror (1987 – PC)
The Lurking Horror é um daqueles jogos que não podemos chamar completamente de jogo, e sim de “história interativa”. A interface é totalmente textual, e a interação com o jogo é por base de comandos digitados na tela.
A história tem como base um estudante, que precisa terminar seu TCC para a faculdade. Após enfrentar uma nevasca para chegar ao computador, ele descobre que seu documento está danificado. Porém, consegue a ajuda de um hacker, que descobre que seu documento foi parcialmente reescrito pelo Departamento de Alquimia da universidade. Enquanto o jogador avança na tentativa de recuperar seu TCC, eventos estranhos começam a acontecer, revelando um mal poderoso nas profundezas da universidade.
Neste estilo de jogo, a ambientação é o forte, uma vez que não temos sons e gráficos para auxiliar na narrativa. A interação, sendo escrita, também dificulta um pouco no avanço, principalmente para os que não conhecem o idioma inglês. Suas ações são descritas, como “turn on computer” ou “walk south“, para que o computador entenda suas ações. Bem diferente do que estamos acostumados atualmente, onde uma linha mágica aparece no mapa ou no chão, nos guiando. Neste caso, qualquer avanço é gratificante.
A história é inspirada no estilo de Lovecraft, e o texto bem escrito, junto com a necessidade de escrever suas próprias ações, conseguem trazer uma imersão interessante.
Sweet Home (1989 – NES)
Não poderíamos falar de jogos de terror dos anos 80 sem falar em Sweet Home. O jogo de terror da Capcom traz um estilo parecido com o primeiro Final Fantasy, também para NES, e outros jogos do gênero JRPG.
O jogo conta a história de uma equipe de cinco integrantes, que trabalham com documentários. Decidem entrar na mansão abandonada do famoso artista Ichirō Mamiya, com o objetivo de recuperar afrescos valiosos, que o antigo dono da mansão deixou em seu interior, filmá-los e gravar um documentário sobre eles e o artista. Porém, ao entrarem, eles são trancados por uma fantasma, que ameaça matar a todos. Eles decidem, então, se separar em equipes menores, e encontrar uma saída.
As grandes contribuições deste jogo para o survival horror foram, principalmente, os quebra-cabeças, a história sendo contada através de leitura de notas, necessidade de gerenciamento de inventário e vários finais. Outra coisa que mantinha a urgência na sobrevivência era a morte permanente. Se algum personagem morria, a história continuava sem ele. Isto atrapalha um pouco o avanço do jogo, já que cada membro da equipe possui uma habilidade específica para avançar. Mas, apesar de impactar no final, dentro do jogo era possível conseguir itens que façam as vezes das habilidades dos personagens que se foram.
Com o gênero RPG em alta no Japão, e a alta qualidade do jogo, Sweet Home foi considerado um dos melhores jogos do NES, e influencia especialmente jogos de terror até os dias de hoje, como veremos em breve, nas próximas partes deste artigo.
Outros jogos de terror
Claro que os jogos citados acima foram apenas alguns poucos da grande quantidade de lançamentos. Estes foram listados aqui por terem dado algumas contribuições que ainda temos nos dias de hoje. Mesmo sem muito destaque para este artigo, presenciamos o lançamento de diversos jogos baseados em filmes:
- Alien – 1982
- The Texas Chainsaw Massacre – 1982
- Halloween – 1983
- The Evil Dead – 1984
- Friday the 13th – 1985
Fique ligado! Em breve lançaremos a Parte 2 deste artigo, abordando os jogos de terror dos Anos 90!
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