https://www.youtube.com/watch?v=KExM6S-AxMY
Trazendo o canibalismo como mote polêmico, Raw foi um dos filmes mais aguardados do gênero em 2016. Além de “devorar” vários prêmios, o longa ficou famoso após sua exibição “revirar estômagos” em plateias de importantíssimos festivais de cinema mundo afora, o que gerou grandes expectativas sob a batuta de uma película recomendada para quem tem “estômago forte.”
Trocadilhos infames à parte, vamos ao que interessa :
A obra é escrita e dirigida pela jovem e também estreante cineasta francesa Julia Ducournau, e narra a história de Justine (Garance Miller) uma adolescente raquítica, introspectiva, vegetariana fiel, ingressando na universidade pra estudar medicina veterinária, uma vocação familiar, pois no mesmo curso que formou seus pais, estuda também a sua irmã mais velha Alexia (Ella Rumpf), a qual nutre um relação de amor e ódio, dois polos distintos de personalidade mas que convergem para uma mesma natureza psicobiológica.
Logo nos primeiros dias de curso, Justine percebe que a realidade ali presenciada, está situada longe das fronteiras de seu retraído mundo, há mais festas do que aulas, a bem dizer, além do comum tratamento de subserviência imposto pelos veteranos aos calouros, a começar pelo trote inicial, que incluí desde banho de sangue animal – no melhor estilo “Carrie a estranha” – a um nutritivo fígado de coelho no qual os calouros precisam comê-lo para completar a cerimônia de iniciação.
No entanto, é através da experiência de sensações inéditas, que a personagem vai se redescobrindo até ser revelada a sua verdadeira natureza…previsivelmente indigesta, é claro.
No tocante ao enredo, Ducournau consegue empreender com maestria, os recursos narrativos e visuais, preparando gradativamente a transição de uma adolescente tímida, de aspecto frágil e áurea virgnial para um estágio mais maduro, natural, que desnuda toda a essência animalesca do seu ser.
O sabor da carne, ao ser experimentado por Justine pela primeira vez, pode ser entendido como metáfora, como um gatilho que libera o “eu-sou” da personagem central, libertando-a de seu casulo de “condicionamento psicológico” para o desfrutamento do prazer carnal na mais variada acepção física-sexual da palavra.
Ao terminarmos de assistir, percebemos que tudo, basicamente tudo, entregue no filme, foi inteligentemente pensado, a proposta do filme se passar numa universidade, tendo como escolha, o curso de medicina veterinária, foi uma sacada e tanto por parte da diretora, tornando um ambiente mais que propício para o andar da carruagem que deixa rastros de carne e sangue por onde passa, os diálogos também são muito bem construídos e expõe bem a veia dramática.
Todos os personagens coadjuvantes têm sua importância na remodelagem da nova Justine, Sua irmã funciona como catalisadora de seus desejos e seu colega de quarto Adrien (Rabah Naït), mantém o senso de humanidade vivo, em conflito com sua natureza monstruosa.
Somando as atuações à qualidade gráfica das cenas em que há uso de gore, posso concluir que Raw é um filme crível e perturbador, não apenas por exibir cenas de “difícil digestão”, mas pelo conjunto da obra, ao passar a ideia que certos comportamentos vistos como repugnantes, podem vir à tona, bastando para isso, a experiência do sentir pela primeira vez.
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