Roots of Insanity - Capa

Roots of Insanity (2017) – Resenha

História confusa e jogabilidade travada marcam Roots of Insanity negativamente, um jogo que tinha potencial.

Antes de começar a ler a resenha, confira o trailer!

 

 

Roots of Insanity – O jogo

Desenvolvido pela Crania Games, seu jogo de estreia, Roots of Insanity conta a história de Riley McClein. Médico que precisa lidar com seus ataques epiléticos, ele tenta sobreviver em um ambiente estranho, e nada familiar, do Hospital August Valentine.

Após ouvir um grito vindo de outro local, e estranhar um hospital vazio, Riley tenta descobrir o que está acontecendo. Ele acaba explorando a Ala B do hospital, que está fechada e isolada há alguns anos.

Ao entrar na Ala B, tudo vira de cabeça para baixo…

E, a partir daí, tudo começa a ficar confuso. Não só para Riley, mas também para nós, pobres jogadores.

 

Roots ot Insanity Início
Os gráficos não são maravilhosos, mas são competentes

 

Ambientação

A ambientação, mesmo que os desenvolvedores negassem até a morte, é fortemente baseada em Outlast. Podemos ver desde o início: O ambiente “hospitalar”, e nada salutar, experimentos estranhos ocorrendo. Ah, e também uma câmera com visão noturna.

Apesar de útil nos ambientes escuros do hospital, não há uma motivação real para se ter esta câmera. Em Outlast, Miles Upshur é um jornalista que usa a câmera para registrar os acontecimentos em um hospital psiquiátrico. Riley, por sua vez, acha a câmera na entrada da Ala B, com uma enfermeira morta, que queria mostrar as atrocidades que aconteciam no local. Apesar da explicação, fica claro que é apenas uma “desculpa” para se ter a câmera.

Falando em hospital, apesar do esforço dos desenvolvedores, não tiveram sucesso em criar um ambiente verossímil. Você avança pelos mapas, e não consegue imaginar um hospital daquela forma.

Tudo parece muito artificial. Os corpos, o sangue, o tamanho dos ambientes, a disposição dos móveis…nada remete a um local que possa realmente ser um hospital.

Um ponto positivo, e também negativo, do jogo, são os sons. A dublagem não é ruim, e alguns sons remetem ao momento de tensão esperado. Por outro lado, os mesmos sons ambientes aparecem em momentos inoportunos. Um som mais alto te dá a sensação de que algo vai acontecer, para descobrir que não há nada, apenas o som fora de hora. A falta de variação dos sons também cansa, como quando Riley sofre com ataque epilético, ou o grito de morte dos zumbis.

Quando você escuta Riley falando “not again”, você também pensa “not again” para essa fala dele…

 

Os inimigos conseguem te dar alguns sustos

 

Jogabilidade e progressão

Aqui temos um dos pontos mais complicados de Roots of Insanity. A movimentação do personagem é boa, mas quando temos que enfrentar um inimigo, temos um grande problema.

O combate é chato, muitas vezes injusto, e frustrante. Equipado com uma faca, você clica com o botão esquerdo do mouse para atacar, ou com o botão direito para desferir um chute, útil contra os inimigos que rastejam. Logo no primeiro encontro com um zumbi, o jogo avisa que Riley é um médico, e não um lutador. Mesmo com este aviso, no primeiro inimigo já percebemos que nem mesmo um médico seria tão ruim assim.

E aí temos um ponto controverso: Em alguns pontos do jogo, você não consegue avançar se não enfrentar e matar os zumbis. Sim, isso mesmo, não adianta tentar fugir ou esgueirar-se para tentar evitar um combate. E se conseguir chegar até a porta de saída, ainda recebe uma mensagem na tela: “Você não pode sair ainda”. Legal, né? Não só neste ponto, mas também quando você finalmente consegue uma arma, e o jogo simplesmente não te deixa usar porque “se usar dentro do hospital, os zumbis ouvirão e virão atrás de você”. Os desenvolvedores poderiam deixar para mim a decisão de atrair ou não os inimigos.

Falando em mensagens, este é mais um ponto que acaba com a imersão do jogo. Ele te dá os objetivos tão diretamente, que só falta um dos zumbis te levar até lá. A maioria dos jogos que mantem um diário registra os objetivos como se fossem o pensamento do protagonista. Em Roots of Insanity, tudo isso vai por água abaixo quando seu objetivo é: “Vá até a Sala X, pegue o item Y e use em Z”.

Acho que ficou implícito, mas faltou um “, seu idiota!” no final de cada objetivo.

 

Fala se só não falta te chamar de incompetente?

 

Progressão confusa

Acha isso ruim? Bom, em alguns pontos, se você achar uma chave antes de achar uma porta trancada, esqueça, você não conseguirá pegar essa chave. Você precisará achar a porta, para depois voltar até o local e pegar a chave. Bem legal, né?

Um ponto interessante do jogo, mas que foi mal explorado, são os ataques epiléticos de Riley. Tirando o fato de que um ataque epilético não tem nada a ver com o que acontece no jogo, é um mecanismo interessante pois, em algumas situações, você fica impossibilitado de controlar seu personagem, o que fica desesperador quando vê algum inimigo de aproximando. Neste ponto, a mecânica também é um pouco falha, pois se você tiver cura, poderá usá-la para não sofrer o ataque. Mas isso causa a perda desta cura, que será primordial para aqueles momentos em que você é obrigado a enfrentar os zumbis. No terceiro ataque, você já pensa: “Deixa esse infeliz sofrendo aí porque não vou gastar uma cura à toa”.

 

Somando tudo…

Apesar de ter alguns momentos de tensão interessantes, estes não conseguem, nem de longe, suprimir a frustração que é avançar pelo jogo. O combate travado, os objetivos diretos e simplórios demais, e a falta de liberdade e interação com cenários fazem de Roots of Insanity um jogo em que você não vê a hora de terminar. Pelo menos isso tem um ponto positivo: O jogo é curto.

No final, temos um jogo com a sensação de que poderia ter explorado muito mais seus pontos positivos. Nos dias de hoje, um indie precisa estar pronto para enfrentar outros indies de peso.

Entre pagar R$19,99 em Roots of Insanity, e pagar R$36,99 em Outlast, fique com o segundo. Apesar de ser apenas 54% do valor, não chega nem a 20% do que é Outlast como jogo.

 

Roots of Insanity está disponível para PC. Você pode conferir a página do jogo no Steam.

About Fernando Lobo

Fã de jogos de Terror desde que colocou as mãos em uma cópia de Resident Evil, no Sega Saturn, em 1996. Consumidor frequente de literatura de terror e ficção, busca sempre novos autores neste nicho. Jogo preferido: Silent Hill 2. Livro preferido: O Iluminado.