A Bruxa (2016) – Resenha

Apesar do trailer sensacionalista e das críticas negativas dos telespectadores, A Bruxa,  foi um filme espetacular e conceitual, fugindo totalmente dos tão frequentes jumpscare.

Dirigido por Robert Eggers, mesmo diretor dos curtas-metragens Hansel and Gretel (2007), The Tell-Tale Heart (2008) e Brothers (2014), o filme traz um ambiente simples e fantástico sendo muito bem trabalhado com os cenários e figurinos de época, efeitos visuais marcantes e com uma trilha sonora intensa e bem utilizada.

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A Bruxa foi um filme muito aguardado para o início desse ano de 2016, porém, esperado da forma errada. Infelizmente, o trailer divulgado nas grandes mídias foi extremamente sensacionalista. Vendendo o filme como o “mais assustador de todos os tempos”, e sabemos que grande parte do público que vai assistir filmes de terror, espera tomar sustos. Ou seja, espera filmes onde os sustos consecutivos são super estimados enquanto uma boa história é deixada de lado.

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Um dos trechos colocados durante o trailer

A grande questão não é a opinião dos críticos e revistas, que consideram o filme como o mais perturbador e assustador, mas o fato foi que como “bateram muito nessa tecla”, as pessoas acostumadas com “filmes de susto”, detestaram A Bruxa, e querendo ou não, com razão. Já que venderam algo e o filme não foi como as pessoas esperavam.

Vou deixar o trailer abaixo, para aqueles que não viram ainda, e também para aqueles que querem lembrar.

O Filme em si…

A Bruxa vai contra todo o sistema da nova onda de filmes found footage + jumpscare, ele mexe com nosso âmago. Não é só o terror vivido pela família, mas como também o terror que era aquele tipo de situação para as pessoas da época. O medo do isolamento físico e social, o julgamento pela igreja e pela comunidade.

Filmes como Babadook (2014) e Boa Noite, Mamãe (2014) sofreram com essa mesma situação. São filmes de terror que fogem totalmente da modinha dos sustos e são considerados filmes conceituais, com histórias profundas e que perduram por nossa vida. Estes filmes não pretendem ganhar o público com seus sustos, mas com suas histórias que nos deixam intrigados, tensos e pensativos durante dias ou até mesmo semanas.

Enredo

A Bruxa conta a história de uma família, que é expulsa da sua comunidade, e se vê obrigada a vagar e buscar um novo local para viver, onde possam recomeçar.

O filme tem um início lento, mas requer paciência para poder degustar a experiência que ele traz. E antes de começar, esqueça seus conceitos sobre filme de terror e assista o filme com a mente aberta às novas descobertas, e lembre-se que naquela época as pessoas “respiravam” superstição.

Um personagem icônico

Assim como temos nossos personagens favoritos nos filmes, ou até mesmo vilões, com A Bruxa não seria diferente. Nele temos o tão bizarro e medonho Black Phillip.

Black Phillip é um bode de pelagem escura, que possui uma estranha conectividade com os gêmeos, Mercy e Jonas. Não pretendo dar spoilers, então para que você entenda melhor o relacionamento entre o bode e os gêmeos, sugiro que assista o filme agora!

Confesso que fiquei com medo do Black Phillip...
Confesso que fiquei com medo do Black Phillip…

E assim como amamos personagens como Freddy Krueger, Jason, Leatherface, Pinhead, Samara (ou Sadako para os fãs da versão nipônica), Black Phillip nos contagia com seu carisma de “ser bizarro de filmes de terror”.

bruxa

Elenco

O filme traz um elenco balanceado, com atores da vanguarda e atores mirins fantásticos. O ator Ralph Eneson, que começou a carreira em 1995, interpretou o patriarca da família, William. A mãe Katherine, interpretada pela atriz Kate Dickie. E a filha mais velha, interpretada pela jovem atriz Anya Taylor-Joy, que deu um show de atuação, sabendo transmitir diversas sensações apenas com o olhar

Kate-Ralph-Anya

Além dos citados acima, temos mais três atores mirins, Harvey Scrimshaw, que deu um show de interpretação, e os gêmeos Mercy e Jonas, interpretados por Ellie Grainger e Lucas Dawson respectivamente.

A-Bruxa

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Curiosidades de A Bruxa

  • O diretor e roteirista, Robert Eggers, levou cerca de quatro anos pesquisando em documentos da época (1630) para escrever o filme;
  • O filme todo é falado no inglês utilizado na época;
  • Alguns dos diálogos utilizados durante o filme foram diretamente retirados dos registros históricos.

Para finalizar…

O filme traz não apenas uma “história sobre bruxas”, mas aborda como era o contexto familiar. Onde a filha mais velha deveria se casar jovem para que pudesse prover outra família. O filme retrata muito bem esse tipo de situação que era machista e “normal”.

Durante minhas pesquisas e análises a cerca do filme, pude perceber que estes novos lançamentos de terror (A Bruxa, Babadook, Boa Noite, Mamãe) tentam resgatar o verdadeiro horror, o medo que fica no nosso subconsciente como os grandes clássicos: O Iluminado e O Bebê de Rosemary. A ausência de recursos, computação gráfica e sustos, traz o medo real, aquele que fica enraizado em nossas mentes.

Aquele que temos quando apagamos a luz para dormir…

About Larissa Chewanko

Amante do Terror e do Sci-fi desde criança, quando começou a assistir filmes como Chucky: o Boneco Assassino e Blade Runner. Medrosa de carteirinha, mas que gosta de passar medo jogando os games das suas sagas favoritas: Fatal Frame e Silent Hill. Apaixonada por jogos indies, livros, sorvete, gatos e RPG!